Por Moisés Meireles
Dentre outras coisas, a utopia é definida na linguagem dos
dicionários, como a descrição imaginativa de uma sociedade ideal, fundamentada
em leis justas e em instituições político-econômicas verdadeiramente
comprometidas com o bem-estar da coletividade.
Penso que uma sociedade com problemas sociais tão profundos
como a nossa, cuja ausência de políticas públicas permitem o agravamento da
situação de miserabilidade, tornasse urgente e necessário ser utópico, em
especial por meio da fé.
Nesse caso, ser utópico é ser revolucionário e subversivo
abrindo mão da sua individualidade egoísta, se engajando e convocando a todos que
cruzarem sua caminhada à construção de um novo mundo. Entretanto, para
viabilização desse novo projeto, é preciso estar em pauta a comunidade dos
excluídos, e a busca constante e incansável pelo restabelecimento da dignidade
humana e direitos sociais suprimidos pela ausência e descaso do Estado e seus
agentes, proporcionando assim boas notícias concretas, classificada pela
escritura cristã por evangelho.
Foi exatamente esse o caminho que Jesus de
Nazareth escolheu para si, conforme descrito nos evangelhos, registrado em Lucas 4.18,19, quando diz: "O Espírito do Senhor está sobre
mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para
proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar
os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor".
Mas, por onde começar? Talvez essa seja uma pergunta que
naturalmente façamos, buscando delinear nossos passos e designar nossos
caminhos. Penso que é possível que a resposta a esse questionamento seja muito
mais simples do que possamos imaginar! Vocês já imaginaram que a resposta possa
ser: "a partir do chão de onde nossos pés pisam"? Sim... podemos
começar de onde estamos, ou melhor: a partir de nossa pisada dentro da
comunidade dos excluídos, exatamente como Jesus fez. Isso mesmo!
Conforme falei
acima, é preciso considerar a comunidade dos excluídos, dos empobrecidos, dos
oprimidos, discriminados, estigmatizados e etc. Sem eles não há Reino de Deus
possível.
De posse dessa reflexão, resolvi junto a alguns amigos evangélicos, abrir mão da priorização litúrgica dominical e dá lugar ao exercício prático ao serviço comunitário, dentro do bairro com maior índice de problemas sociais da cidade de Natal-RN: Nossa Senhora da Apresentação. Hoje estamos dentro de uma de suas comunidades: Jardim Progresso. Pensando em Jardim, pensamos em um que representou a utopia bíblica judaica: Jardim do Éden, onde Deus junto a uma pequena comunidade resolveu iniciar seu relacionamento com os seres humanos.
O PROJETO JARDIM DO ÉDEN sintetiza tudo aquilo que refletimos
até agora, a qual acreditamos será início de um novo processo utópico capaz de
transformar sonhos em realidade. Um projeto que busca trazer comunhão,
responsabilidade, conscientização, empoderamento, quebra de paradigmas, novas
reflexões e uma ação transformadora, que possa servir de modelo e projeto piloto para outras comunidades de Natal.
É preciso urgentemente aderir um Evangelho Utópico e Revolucionário. Desse modo, convidamos a todos que desejarem, ajuntar-se a nós e contribuir com esse novo projeto no Espaço Comunitário Pé no Chão em Jardim Progresso. Um novo tempo chegou, e cremos que é possível fazer diferente.
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