Por Henrique Vieira
Nós somos discípulos de Jesus Cristo de Nazaré. Preso, torturado, brutalmente assassinado, aliás, a morte mais violenta da época, operada pelo próprio estado, um rito longo de tortura, de imposição, de dor e sofrimento ao corpo como forma de punição e exemplo para os outros.
Nós não podemos esquecer a nossa origem. Aquele a quem nós
chamamos de Senhor, Filho de Deus e Deus entre nós, teve o seu corpo capturado
pela ordem, massacrado, hostilizado, humilhado e torturado pelo aparato legal
do seu tempo.
O que a gente está vivendo no Brasil, é a violência permanente
do estado, especialmente contra a população preta, o que está acontecendo em
várias cidades do Rio de Janeiro e em todo o país. Um genocídio, um assassinato
permanente. Uma parcela de nossa juventude e da nossa infância sendo perdida
por uma lógica de guerra, uma tal criminalização das drogas, que na verdade é máquina
de moer gente, é máquina de matar pobre, é máquina de roubar sonhos, juventude,
infância e adolescência.
As igrejas não podem fechar os olhos para isso. O silencio,
a apatia, a indiferença, uma devoção que não se comove com essa realidade cotidiana.
Deus pede para nós uma resposta, um grito contra essa lógica, uma afirmação de
que, quem é discípulo de um torturado e assassinado, tem que doar a vida por
uma paz verdadeira.
A paz verdadeira não vem da brutalidade policial, a paz
verdadeira não vem de um estado que prende e mata, a paz verdadeira não vem do
camburão, da tropa de choque, da militarização, dos espaços da lógica do
extermínio, do confronto. Não! Essa lógica das armas que apenas mantém e administra
a desigualdade é incapaz de produzir a paz profetizada e encarnada por Jesus
Cristo de Nazaré, aliás, foi esse tipo de lógica que prendeu, torturou e matou Jesus
Cristo.
Portanto um convite, uma convocação para que as igrejas
denunciem a violência do próprio estado, para que em nome de Jesus, com a Bíblia
na mão, com os joelhos no chão, em ato de adoração possam se colocar em defesa
da infância e da adolescência contra essa lógica de guerra, porque a gente vai
continuar perdendo mais jovens, mais crianças em nome desse combate que gera
apenas mais morte.
É em nome de Jesus e pela verdadeira paz, que as igrejas
precisam se posicionar contra a brutalidade do estado que mata nossa população
jovem, de infância, pobre, preta, favelada e da periferia. Não contará com
nosso silêncio.
Texto transcrito do vídeo publicado pelo movimento Esperançar
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